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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
Reflexão em modo de época natalícia
Porque estamos em época de Natal. Aproximadamente um
terço da população mundial louva o nascimento de Jesus Cristo. Esta época natalícia
quase na sua exclusividade se tornou num grande evento comercial. Mas podemos fazer
uma reflexão mais ou menos filosófica consoante o gosto de cada um.
Jesus Cristo, conforme
nos é oferecido na Bíblia não era um preconizador da ordem e da tradição, era
um Homem que encarou os poderosos da sua época e defendeu ideias que a
consciência reinante não abraçava.
Consta-se que não é por acaso que acabou na cruz, depois
de perseguido, preso e flagelado. Jesus Cristo morreu como um preso político nas
mãos de Pilatos e dos seus eclesiásticos judeus. Não estava lá para ver, mas
fazendo fé no que se conta, mas nunca esquecendo que quem conta um conto
acrescenta um ponto.
Cifra-se que Jesus era odiado pelos poderosos. Sustentou
a igualdade e a divisão dos bens como signo da igualdade social, desaprovando
aqueles que se apegavam demais às riquezas. Digo eu, que Jesus Cristo só pode
ser um verdadeiro socialista mas dos de esquerda.
Consta-se e exterioriza-se que “lutou” contra o ódio e a intolerância.
Pelos vistos as suas lutas foram inglórias, nos dias de
hoje, mais de dois milénios depois, nosso Mundo continua profundamente
desigual. Os cerca de 2% dos mais ricos da população Mundial conservam mais da
metade de todas as riquezas. Os possuidores do poder perseveram esta organização
de privilégios para reprimir o povo quando arrisca-se a enfrentá-la.
Muitos dos que hoje se dizem cristãos apreciam a
desigualdade como fato inalterável e a validam pelo discurso hipócrita cheios de ódio e intolerância. Continuam a ser cúmplices com o silêncio
nas lutas contra o racismo e xenofobia, na descriminação dos homossexuais e no silêncio
cobarde da violência contra as crianças, mulheres e idosos.
Por isso volto a dizer, se Jesus Cristo só podia ser de
esquerda socialista, estava com toda a certeza na linha da frente ao lado de
quem luta pelos direitos sociais e humanos. Estaria com os sem-abrigo, com os
negros, com as mulheres vítimas de violência domestica, com quem tem por opção
outra orientação sexual.
Tenho quase a certeza que voltaria a ser preso e flagelado,
da mesma forma que milhões de seres humanos continuam a ser por lutarem contra
as desigualdades e justiça.
Seria com toda a certeza novamente crucificado, desta vez
não pelo poder romano e os seus sacerdotes judeus, mas crucificado moralmente
por muitos dos cristãos que, em seu nome continuam a combater tudo que ele
defendeu.
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