terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Reflexão em modo de época natalícia



Porque estamos em época de Natal. Aproximadamente um terço da população mundial louva o nascimento de Jesus Cristo. Esta época natalícia quase na sua exclusividade se tornou num grande evento comercial. Mas podemos fazer uma reflexão mais ou menos filosófica consoante o gosto de cada um.
 Jesus Cristo, conforme nos é oferecido na Bíblia não era um preconizador da ordem e da tradição, era um Homem que encarou os poderosos da sua época e defendeu ideias que a consciência reinante não abraçava.
Consta-se que não é por acaso que acabou na cruz, depois de perseguido, preso e flagelado. Jesus Cristo morreu como um preso político nas mãos de Pilatos e dos seus eclesiásticos judeus. Não estava lá para ver, mas fazendo fé no que se conta, mas nunca esquecendo que quem conta um conto acrescenta um ponto.
Cifra-se que Jesus era odiado pelos poderosos. Sustentou a igualdade e a divisão dos bens como signo da igualdade social, desaprovando aqueles que se apegavam demais às riquezas. Digo eu, que Jesus Cristo só pode ser um verdadeiro socialista mas dos de esquerda.
Consta-se e exterioriza-se que “lutou” contra o ódio e a intolerância.
Pelos vistos as suas lutas foram inglórias, nos dias de hoje, mais de dois milénios depois, nosso Mundo continua profundamente desigual. Os cerca de 2% dos mais ricos da população Mundial conservam mais da metade de todas as riquezas. Os possuidores do poder perseveram esta organização de privilégios para reprimir o povo quando arrisca-se a enfrentá-la.

Muitos dos que hoje se dizem cristãos apreciam a desigualdade como fato inalterável e a validam pelo discurso hipócrita cheios de ódio e intolerância. Continuam a ser cúmplices com o silêncio nas lutas contra o racismo e xenofobia, na descriminação dos homossexuais e no silêncio cobarde da violência contra as crianças, mulheres e idosos.
Por isso volto a dizer, se Jesus Cristo só podia ser de esquerda socialista, estava com toda a certeza na linha da frente ao lado de quem luta pelos direitos sociais e humanos. Estaria com os sem-abrigo, com os negros, com as mulheres vítimas de violência domestica, com quem tem por opção outra orientação sexual.
Tenho quase a certeza que voltaria a ser preso e flagelado, da mesma forma que milhões de seres humanos continuam a ser por lutarem contra as desigualdades e justiça.

Seria com toda a certeza novamente crucificado, desta vez não pelo poder romano e os seus sacerdotes judeus, mas crucificado moralmente por muitos dos cristãos que, em seu nome continuam a combater tudo que ele defendeu.