domingo, 1 de agosto de 2010

Penacova em chamas durante a semana passada.

(Fotografias tiradas da localidade de Chelo- Lorvão)
Pouco faltava para as 16h.00 do dia 28, quando foi dado o alarme para um incêndio na Serra de Atalhada. Imediatamente foram mobilizados 2 veículos e 10 Bombeiros. No entanto, o incêndio rapidamente progrediu encosta acima tornando-se necessário accionar a sirene e os sms, para a mobilização de mais meios.
Em pouco mais de 15 minutos, todos os 11 veículos do Corpo de Bombeiros, com 50 operacionais estavam no terreno, ao mesmo tempo que eram solicitados reforços aos concelhos vizinhos, dado que a topografia do terreno deixava já antever as dificuldades que poeteriormente se vieram a confirmar.
O incêndio progrediu a uma velocidade estonteante impulsionado pelo vento, salpicando a serra de novos focos, ora por efeito do vento, ora através dos coelhos bravos que, a arder, faziam linhas de fogo impressionantes.
As aldeias de Miro, Vale de Maior, Outeiro Longo, mais tarde Friúmes e Beco, sofreram com o aproximar das chamas que, vertiginosamente, percorriam montes e vales e deixavam um rasto de destruição.
Bombeiros e populares travavam uma luta desigual, na tentativa de proteger pelo menos as habitações.
Entretanto iam chegando reforços, vindos um pouco de todo distrito, naturalmente dos concelhos que não estavam também a ser afectados por outros incêndios.
O fogo foi considerado dominado ao outro dia demanhã, com mais de 300 Bombeiros no Teatro de Operações.
Arderam 875 ha de floresta, a mesma que ardeu no final da década de 80, e que ardeu em 2003, há exactamente 7 anos.
Ao longo deste tempo nada aprendemos com a desgraça. As habitações com o mato e os eucaliptos junto às portas são uma constante. Nestas aldeias há casas que nos últimos 20 anos já sofreram estes mesmos efeitos pela terceira vez, e, a vez seguinte, tem sido sempre pior que a anterior. O combustível nas florestas, nas valetas, nos quintais das habitações é cada vez maior. As silvas e o mato mais se parecem com trepadeiras, os jardins e os pequenos terrenos antes amanhados, são agora pastos fáceis das chamas. O que há 10 anos demorava quatro ou cinco dias a arder, agora arde em apenas 4 horas, tal é a carga de combustível acumulado.
Nestas condições, aqui ou em qualquer outra parte do mundo, é e será sempre uma tarefa muito difícil. Todos nós, Bombeiros, População e outras Entidades envolvidas, damos naturalmente o nosso melhor. Damos o que podemos e o que não podemos. Fazemos como se diz por cá, «das tripas coração», mas não conseguimos operar milagres. Todos os dias temos tido diversas ocorrências de incêndios florestais e nos últimos 15 anos, a média anual tem andado acima dos 80 fogos por ano. A todos eles temos sabido chegar primeiro do que a tragédia. Desta vez foi mais difícil.
Muita gente destas nossas aldeias, habituada a ver nos seus Bombeiros uma tábua de salvação, questiona-se agora como foi possível? Mas não nos admiremos, basta olharmos à nossa volta e verificar o estado da floresta.
Por outro lado, muitas pessoas habituadas a ver o Comandante dos seus Bombeiros, à frente das operações, vêm agora perguntar porque não o fez? A todos, temos que dizer que o Estado através estrutura distrital da Protecção Civil, assume o Comando do incêndio. A tomada de decisão e a responsabilidade do comandamento, para o bem e para o mal, não é dos Bombeiros nem da Protecção Civil ao nível Municipal, mas sim do Comandante Distrital.
No momento em que tudo parece mais calmo, apesar dos muitos reacendimentos, não podemos deixar de agradecer a todas as Entidades envolvidas. Naturalmente à população destas aldeias, aos Bombeiros de muitos CBs: Miranda do Corvo, VN de Poiares, Mira, Soure, Serpins, Lousã, Pamplilhosa da Serra, Mortágua, Momtemor-o-Velho, Penela, Figueira da Foz, CBS Coimbra, voluntários de Coimbra, Brasfemes, Coja, Góis e Condeixa.
À CM, à GNR, à CAULE, à AFOCELCA, ao Sr. Padre Rodolfo, aos incansáveis Escuteiros e à Cruz Vermelha, às Juntas de Freguesia, e a todos que, duma forma ou de outra, nos manifestaram a sua solidariedade.

Publicada por NOTÍCIAS DOS BOMBEIROS DE PENACOVA

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