domingo, 13 de fevereiro de 2011

Idosos ”aprisionados”


Já muito se tem falado sobre velhice, idosos abandonados, como infelizmente esta semana tem sido noticiado quase de forma diária.
Não é assunto novo e, de uma forma ou de outra, todos tomamos conhecimento (mais ou menos de perto) com a situação, mas nada tem sido feito no apoio da qualidade de vida e dignidade da população”aprisionada” (aproximadamente 30% unifamiliares) no centro histórico da nossa cidade. Fomos crianças. Crescemos. Mas a vida corre veloz e de repente, já somos velhos. Alguns conseguem manter com garra alguma mobilidade, outros não evitam a total dependência de cuidados de saúde e higiene. É destes últimos que pretendo falar um pouco, hoje. Quando a idade vai avançando e as maleitas acabam por assolar à porta, normalmente junta-se a família se há bens a dividir. E “aqueles” que pensam ser beneficiados esquecem-se de que o presente leva a um futuro imprevisível, movido por estas mesmas decisões. E esta é a base dos cabos dos trabalhos vindouros. Pois se na época o idoso ainda é útil e toma conta dos netos, vai passando a ferro a sua roupa e a dos demais, vai “alinhavando” o jantar (mesmo sendo fardo…) lá se vai aguentando, até porque dá uma ajudita. Mas, irremediavelmente e obrigatoriamente os idosos passam a “velhos” e depois a entrevados. E, ironicamente, os até então velozes anos, passam a morosos e aborrecidos. E é a partir dessa época que deixa de ser pai, mãe, avô ou avó, para passar a usar o rótulo “incómodo e imprestável” e, dia após dia, vai ocupando um espaço no tempo diário e nocturno com quem coabita em tarefas de higiene e alimentação. Há famílias e famílias, entenda-se. Umas unem-se em esforços e, com discernimento e boa vontade, se vão revezando e reconhecendo que quem tomou conta foi sacrificando a sua vida pessoal e merece ajuda. É justo que os familiares se unam e ajudem de forma acolhedora os idosos para que estes possam viver e não sejam prisioneiros na sua própria casa e que só sintam vida durante breves minutos com a” família de acolhimento”. – É justo que se possam divertir. Muito justo mesmo! Lamento se estou a ser injusto ou cruel com alguém que se identifique. Apenas falo do que me toca, do que conheço. Cada caso é um caso! Esses idosos estão identificados, que se tem feito para lhes dar vida a vida? Com excepção da dita “família de acolhimento” que se paga para que o pobre senhor(a) tenha duas vezes por dia apoio ao domicílio, com troca de roupa, alimentação, isto sete dias na semana. Os nossos idosos continuam aprisionados e lá esperam novamente que amanheça bem rápido para voltarem a ter um olá, um simples bom dia da “família de acolhimento”, é assim que se resume a vida de quem deu vida e tem ainda muita vida. Esta na hora de todos juntos darmos a vida que merecem.

Mas assim, NÃO!

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