quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mais palavras para que ? Excelente artigo de Henrique Raposo (www.expresso.pt)




"Por norma, Coimbra tem um número considerável de turistas, que andam por ali a ver o túmulo de D. Afonso Henriques e demais memória da cidade. Mas, naquele sábado, a cidade estava ainda mais cheia, estava mesmo apinhada de gente de pele clarinha e de carteira cheiinha. O Eurogym 2012 tinha acabado de começar. Ou seja, milhares de Nadias Comaneci loiras enchiam as ruas. Perante esta avalanche do norte da Europa, poderíamos pensar que o comércio tradicional de Coimbra iria ficar satisfeito. As ruas estavam cheias de malta com a carteira fora da alçada da troika; aliás, num certo sentido, era a troika que ali estava, a andar de um lado para o outro. Sucede, porém, que esta suposição estaria errada.
Naquele sábado luminoso e fervilhante, a maioria das lojas da baixa estava fechada. Pelas bandas de Coimbra, a lógica pode ser uma coisa do Entroncamento. Enquanto me encaminhava para uma loja que vende sapatilhas Sanjo e música alternativa, não pude deixar de pensar que estes comerciantes têm excesso de queixinhas e défice de adaptação. Falam muito, mas depois são incapazes de aproveitar um evento que trouxe milhares de carteiras para o centro de Coimbra. Pior: estes comerciantes serão os mesmos que aparecerão algures numa futura reportagem de TV, queixando-se do iva e da pressão das grandes superfícies. Felizmente, a minha loja estava aberta, e comprei o meu CD. A rapariga da loja não se queixou da pressão das grandes superfícies, apenas resolveu trabalhar num sábado à tarde numa cidade cheia de turistas ricos. Quem diria? "

Fonte : http://expresso.sapo.pt/ui-ui-o-comercio-tradicional=f741459






1 comentário:

LUIS FERNANDES disse...

Jorge, este jornalista não sabe nada do que se passa no comércio. É mais um doutor formado em Marketing por uma universidade mais fatela do que a que deu o canudo ao outro. Este jornalista é um turista de sacola ao ombro que arribou a Coimbra e, como se soubesse alguma coisa do que se passa no comércio, debita bitaites. O Eurogyme não trouxe nada para o comércio da cidade. Só não percebo, havendo tantos doutorados na arte de comparar e vender, porque não abrem lojas aqui na Baixa? Com o seu saber sebentário e erudito, com a sua certeza em que quem cá está são uns aselhas, isto seria tiro e queda no sucesso. Venham eles... venham eles! Haja dó para tanta palermice. Lá porque queria comprar um CD acha-se no direito de pedir a todos que estejam abertos? Porque é que ele não veio à minha loja? Estou sempre aberto todos os sábados até às 19h00. Não veio nem virá. Mais, duvido que até tivesse comprado algum cd. A imprensa está cheia de jornalistas de meia-tigela como este, que olham para uma situação, inferem parcialmente do que vêem, não ouvem em equidade as partes, e despejam o veneno que os consome interiormente. Haja pachorra para aturar pessoas assim. Agora uma pergunta para si, Jorge: você já teve uma pequena loja aqui no Centro Histórico, diga-me com honestidade, o que este palerma de Lisboa diz é verdade?