sábado, 24 de abril de 2010

O meu 25 de Abril!



Tinha 4 anos de idade, recordo-me como se fosse hoje.

Estava com a minha avó na Rua Antero Quental, em casa da patroa dela, a cerca de 30 metros da antiga sede da PIDE.
Ouvimos barulho, fomos todos para as clarabóias do prédio, agitação em frente da PIDE, era imensa, de um momento para outro só vi começarem a incendiar carros, pessoas a gritar e a fugirem em direcção a uma casa cor-de-rosa que se situava em frente.
Não sabia o que se passava, só sei que assisti a tudo na primeira pessoa e nunca mais me esqueci do que assisti. Ainda hoje guardo religiosamente um veio de transmissão de um Citroen carocha.
Foi assim o meu 25 de Abril.

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Hoje, infelizmente, sentimos saudade da alegria e da ilusão que foram os primeiros dias do 25 de Abril de 1974 (fazendo fé nas palavras de quem o viveu intensamente, pois eu só tinha 4 anos de idade). Muitas das promessas, e ilusões, desses dias ainda estão por cumprir. Com o actual governo do PS estamos a retroceder em vários aspectos sociais e democráticos. A corrupção e os interesses do capital estão de volta. Há cada vez mais desemprego e descontentamento social, mas para alguns há dinheiro com abundância. Alguns elementos da chamada “classe política” estão bem instituídos no aparelho do Estado ou nas grandes empresas. Há uma democracia, quanto mais não seja do ponto de vista formal, eu defendo que vivemos numa ditadura democrática. Mas há cada vez mais medo da entidade patronal, do desemprego, de descontentar os chefes, de perder o emprego. Vivemos muita da insegurança que se vivia em 1974. Não há guerra colonial, é certo. Não há polícia política (?), não há censura (?). Mas há uma pressão para não levantar a cabeça, há processos-crime aos jornalistas que arriscam-se escrever coisas que o Sr. Engenheiro não gosta. Há uma constante pressão sobre os funcionários públicos, uma desvalorização das suas funções. A escola pública está subjugada pela política da estatística e da burocracia. E, finalmente, a classe média está a perder a capacidade de resfolegar, coagida que está com a crise económica. Afinal de contas é esta mesma classe média que tudo paga neste país e pouco recebe em troca.