sábado, 24 de abril de 2010

Para Coimbra


Em todas as eleições autárquicas os habitantes de Coimbra são confrontados, pelos diferentes candidatos, com os problemas da cidade. São jardins, parques temáticos, transportes, novos acessos e a recuperação urbana da baixinha.

No entanto, todos os quatro anos os problemas são os mesmos, quando não mais graves: Maior número de automóveis, mais trânsito, mas menos habitantes. Mais buracos nas ruas, mais lixam, passeios mais reduzidos e maior dificuldade de estacionamento. Mais barulho e subida de todos os índices de poluição. Um sentimento de desleixo e fracasso continuado.
Compreender o fenómeno implica pôr em causa o cerne das políticas seguidas até aqui. De grandes ideias e planos pensados ao mais ínfimo dos pormenores. Coimbra não precisa que se force os habitantes a voltarem à Baixa, a fazerem compras na Baixa como se ainda vivessem nos meados do século XX. Coimbra necessita de pessoas, da sua liberdade e dos efeitos benéficos que advém do seu uso. O que Coimbra precisa é de dar poder aos cidadãos.
A zona da Baixa. Esta não se reabilita porque uma minoria, que tem poder e influência, o quer. Só se reabilita a Baixa, se for concedido poder decisório aos habitantes e comerciantes. Uma coisa é certa: ninguém irá à Baixa fazer compras porque há 50 anos os seus pais e avós o faziam. Ninguém se sacrificará ao ponto de querer fazer renascer um espírito e modo de vida que já não existe. A Baixa voltará a ser o centro da cidade se os conimbricenses virem nisso alguma conveniência, porque foi por ter sido conveniente que a Baixa foi famosa no passado. Gastar milhões em projectos com o intuito de incentivar as pessoas a irem à Baixa é uma política condenada ao fracasso. Apostar no planeamento centralizado de pontos de atracção, não só é um atentado à livre circulação das pessoas, ao livre investimento dos empresários, como prejudica os interesses de quem assumiu o risco de investir noutras zonas da cidade e, com o fruto do seu trabalho, paga os impostos que financiam a autarquia.
Uma cidade é feita de indivíduos, famílias e os mais variados grupos que as pessoas entenderem criar. É com elas que é preciso contar e é a elas que se deve dar um maior poder decisório. Infelizmente, não parece ter sido este o entendimento do anterior e do actual executivo autárquico.

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