sábado, 24 de abril de 2010

Os passeios das ruas da nossa cidade estão cheios de buracos?

Será difícil receber uma resposta negativa à pergunta. Eu já caí na rua, sim. Diversas vezes. Todas elas, devido a algum “acidente geográfico” nos passeios: buracos, altos-relevos e declives. Já escorreguei nos declives que foram feitos para cadeiras de rodas e carrinhos de bebés. Tropecei em relevos provocados por raízes de árvores mal plantadas. Já torci o pé em buracos esquecidos. Numa delas, torci o pé esquerdo que se “atascou’ num “buraco novo”, resultado do retiro da peça de um andaime que tinha sido desmontado, para as obras de recuperação de uma fachada (Policia Municipal não deveria fiscalizar as obras?). Além de torcer o pé e sentir muita dor, sem poder tocar o chão, fiquei quinze dias de baixa médica. De castigo, parecia estar. Prejuízo meu, que além das dores e da “reclusão”, ainda estraguei um par de sapatilhas. Lucro para a farmácia, para o hospital e para os médicos que me atenderam? Quem teria sido o responsável por este acidente de percurso?
Também já observei diversas pessoas a caírem, a magoarem-se com alguma gravidade, sofrerem dores e serem obrigadas a ficar de repouso devido a buracos nas ruas. Em consequência, algumas tiveram que ficar de baixa médica, impedidas de trabalhar. Algumas não puderam ir à escola por algum tempo. Simples, não é? Não, não! Há uma conta a ser paga. E quem paga a conta?
Enquanto isso, os obstáculos aos peões continuam no mesmo lugar e proliferam-se.
Facilitar a movimentação dos deficientes motores foram uma excelente ideia, corroborada por uma lei que deveria ter sido elaborada á muitos anos. Ao que parece, a construção dos declives que ligam os passeios ao asfalto não está a ser feita de acordo com a Lei. O que deveria ser um auxílio está a tornar-se um obstáculo. Ou será que o texto da Lei não estabelece que tais declives devam ser antiderrapantes? Da maneira que foram feitos, não garante segurança para quem precisa deles, pois a cadeira pode deslizar ficando fora do controle de quem a conduz. E nem para os peões. Já vi pessoas a cair. Já ouvi relatos de pessoas que caíram na macieza desses declives. Sei de pessoas que caíram de rabo, amachucaram a primeira vértebra e tiveram de ficar hospitalizadas. De pessoas que amassaram o joelho ou até mesmo a parte de trás da cabeça, sofrendo cortes ou dolorosos torções. Quem saiu prejudicado? Quem pagou pelo prejuízo? Enquanto isso, os declives estão lá e outros estão a ser feitos sem que sejam implantadas algumas simples regras. Uma delas é a do bom senso.
E os obstáculos em alto-relevo? Já não é hora do poder político assumir que a plantio de árvores feito de maneira incorrecta, que geram destruição das calçadas deve ser reparado por ele mesmo -poder político? Tenho um grande respeito pelo meio ambiente e sei que árvores ornamentam a cidade, proporcionam sombra e consequente arrefecimento da calçada, favorecem a absorção da água da chuva e etc. No entanto, sou também favorável ao meio do homem. O ser humano precisa ser respeitado no seu direito de ir e vir. A meu ver, estragos nos passeios provocados por raízes de árvores, falta de calçada, devem ser reparados, com urgência, em favor do ser humano. Fico meditando. Será que as pessoas responsáveis pela fiscalização dos passeios públicos nunca andam a pé? Enquanto isso…
Numa tarde de sábado, sai com um caderno e lápis, com o objectivo de verificar os obstáculos existentes nos passeios de algumas zonas da cidade. Andei uns metros e desisti da empreitada. Podem imaginar o motivo. Iria encher o caderno e ainda sobraria passeio. Enquanto isso…
Quem mora nesta cidade, conhece bem as suas ruas, esquinas. Em uma delas, de grande movimento de veículos e peões, a situação é de “calamidade pública”. Só quem não anda a pé ainda não viu. Nessa esquina, demoliram a casa que existiu por dezenas de anos e onde funcionavam duas lojas. Antes da demolição, os passeios estavam em perfeito estado de conservação. Quem passa a pé por ali sabe. Com a demolição do imóvel, veio uma não explicada destruição dos passeios, onde os cidadãos correm o risco de se magoarem. Quem pode tomar uma precaução em favor do ser humano que passa por locais assim?
Aproveito para divagar com o pensamento. Quero determinar o que seria mais importante: o direito de as pessoas se movimentar nas ruas com segurança ou o direito de a construção civil, poder político local, ter o poder de “roubar”, durante anos a fio, o espaço reservado a peões nos passeios e ruas estreitas? Quem é o responsável pelos reparação dos “acidentes geográficos” que oferecem obstáculos à movimentação de pessoas que andam a pé na cidade? Existe fiscalização promovida pelo poder político, no sentido de verificar a existência de obstáculos que provocam quedas de pessoas nas ruas da cidade? Se existe, os responsáveis pelos obstáculos estão a ser notificados? Se estão a ser notificados, se o estão qual a razão para não cumprirem as normas ditadas pelo poder político.
E você, já caiu na rua? Creio que cada leitor tenha muitos casos a contar. Será que chegou o momento de apregoarmos “fora obstáculos” nos passeios reservados a peões? Se por acaso já caiu ou se não deseja cair na rua… não custa nada.

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